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Julia Rodrigues

Você Conhece a História da Profissão Farmacêutica?

Atualizado: 30 de mar. de 2021

Você sabia que, ao ir laboratório pegar o resultado de algum exame, ir à farmácia comprar algum medicamento e até mesmo ao utilizar algum cosmético e ingerir algum alimento, você está entrando em contato com o resultado do trabalho de um farmacêutico?


Mas afinal, como surgiu este profissional e como ele acabou atuando em campos tão diversos? E que campos são estes? É isso que vamos te contar a seguir.




Sociedades Antigas: O Protótipo do Farmacêutico


O farmacêutico, como profissional que visa a promoção, manutenção e recuperação da saúde, existe desde os primórdios da humanidade. Em praticamente todas as sociedades antigas era comum que houvesse um indivíduo que detinha maior conhecimento sobre plantas e sobre o uso destes elementos naturais, os quais apresentam um princípio ativo, que é o que provoca algum efeito no organismo.


Foram encontrados escritos da Mesopotâmia (3000 a.C.) que remetem a tratamentos com plantas medicinais; na Índia (2550 a.C.) a doença era considerada um transtorno associado a compostos que “sujavam” o organismo e para realizar uma “limpeza” era necessário o uso de ervas medicinais e rituais; em papiros egípcios (1500 a.C.) há descrições de preparo de várias substâncias consideradas medicinais, feitas a partir de plantas, animais e minerais.


Na Grécia Antiga (500 a.C.), a partir da teoria que a saúde era um equilíbrio entre os quatro humores (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra) e que o desequilíbrio destes gerava a doença, iniciou-se a sistematização de estudos que visavam tratamento de enfermos. Já na Roma Antiga, Galeno (210-130 a.C.), considerado “Pai da Farmácia” forneceu as bases da alopatia (agir sobre aquilo que provoca o desequilíbrio para restabelecer o equilíbrio, ou seja, a saúde do enfermo), desenvolveu métodos extrativos e sistematizou o registro de tratamentos.



Idade Média: Aparecimento dos Boticários


Photo by Bundo Kim on Unsplash



Na Idade Média (476-1453 d.C.) houve, ao mesmo tempo, um avanço e um retrocesso. A partir da busca incessante dos alquimistas pelo “elixir da vida eterna” e pelo desenvolvimento da transmutação de metais, introduziram-se novos instrumentos e técnicas para o desenvolvimento de medicamentos.


Contudo, foi também nesta mesma época que a Igreja atribuiu caráter demoníaco àqueles que poderiam exercer algum tipo de influência sobre a sociedade por possuírem “o poder da cura”, então muitos daqueles que possuíam conhecimento sobre o uso de plantas medicinais foram perseguidos.


Apesar da perseguição, a partir do século X tornou-se cada vez mais comum a presença de Boticas ou Apotecas, onde o Boticário exercia papel de médico e farmacêutico e desenvolvia poções terapêuticas.



Da Idade Moderna ao Início da Contemporânea: Desenvolvimento do Profissional Farmacêutico


No final da Idade Média, veio o Renascimento (1300-1600) durante o qual foi atribuído um grande valor a racionalidade científica e, por isso, foi desenvolvida uma pesquisa sistemática de princípios ativos de plantas e suas funções. Uma figura de extrema importância para farmácia atual foi Paracelso, durante sua vida ele:

  • Idealizou a homeopatia (prescrever a um enfermo, sob uma forma diluída e em pequenas doses, uma substância que, em altas concentrações, é capaz de produzir sinais e sintomas semelhantes aos da doença que está acometendo o indivíduo);

  • Introduziu a ideia de que a diferença entre remédio e veneno é a dose, ou seja, é necessário estabelecer a quantidade certa de cada substância utilizada em um tratamento;

  • Utilizou seus conhecimentos em alquimia para criar medicamentos;

  • Destacou a importância da observação clínica do paciente.

Cada vez mais o Boticário ganhava mais reconhecimento e respeito como sendo o profissional que preparava e manipulava medicamentos.


Após o Iluminismo (1715-1789), cientistas como Pasteur e Kock forneceram bases para o modelo biomédico, o qual estabelece uma relação causal entre agente etiológico e doença e propõe que para cada enfermidade há um medicamento. Foi também nesta época (1857-1875) que, no Brasil, mudou-se a denominação de Botica para Farmácia e criou-se a distinção entre Boticário (comerciante de medicamentos) e Farmacêutico (profissional com formação técnica/científica).



Séculos XX e XXI: A Diversificação das Áreas de Atuação do Farmacêuticos




No início do século XX a farmácia era o local de manipulação e assistência farmacêutica. Contudo, após a 2ª Guerra Mundial houve um grande desenvolvimento na indústria, o que levou a um predomínio da produção em larga escala e, consequentemente ao colapso do papel do farmacêutico no preparo de medicamentos. Assim, este profissional passou a ser visto apenas como o comerciante de uma mercadoria.


Isso levou o farmacêutico a buscar outros mercados como, por exemplo:

  • Área de alimentos, na qual pode realizar análises físico-químicas, microbiológicas e bromatológicas, atuar no controlo gênero alimentício;

  • Cosméticos, na qual pode realizar a confecção de relatórios onde são explicadas as propriedades e vantagens das matérias-primas presentes na formulação, desenvolver formulações cosméticas visando a estabilidade e a compatibilidade dos seus componentes, avaliar tais parâmetros em formulações já desenvolvidas e qualificar as matérias primas utilizadas;

  • Análises Clínicas, na qual o farmacêutico irá realizar testes para detectar desvios da normalidade, como na contagem de leucócitos e nos níveis de proteínas plasmáticas, e até mesmo a presença de patógenos (seja em algum líquido corporal ou nas fezes) para que, a partir dos resultados dos exames, seja sugerido um tratamento adequado ao paciente.

Mas, mesmo tendo encontrado oportunidades em diversos campos, atualmente, com o aumento da expectativa de vida, o predomínio de doenças crônico-degenerativas (que leva ao crescimento polifarmácia) e a presença de grande quantidade de fármacos disponíveis que compartilham as mesmas propriedades, tem ocorrido uma migração do farmacêutico de volta às farmácias de manipulação, onde são produzidos medicamentos seguindo as especificações para cada indivíduo, assim como um aumento na valorização da assistência farmacêutica.

A partir do que foi exposto podemos perceber que o farmacêutico é um profissional que se fez presente em diversas sociedades ao longo da história da humanidade e que, atualmente, assume o papel de um profissional multifacetado, ou seja, cuja formação permite sua atuação nas mais variadas áreas.


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